Calçada dos Mundos

Calçada dos Mundos

DESENHO MARCADO POR LINHAS ONDEADAS E CÍRCULOS NUMA EXTENSÃO DA PRAÇA DO EMIGRANTE

As ondas quebrando, uma a uma, as grandes vagas dos mundos desejados, numa ânsia tantas vezes carregada do impossível, como se o tempo fosse feito de demoras, em círculos, viajando sobre a agonia desse mundo vago, na aproximação sem fim de novos horizontes, dos sonhos que sonharam ter, e neste emaranhado de círculos ou globos está uma alusão clara da hélice do ADN, onde o bater do coração que sustenta o ritmo dos Emigrantes se funde com aqueles que irão passar por cima desta calçada.


A Calçada dos Mundos, embora não tivesse sido a minha primeira escolha, foi a opção mais votada aquando da apresentação dos vários esboços na Câmara Municipal da Ribeira Grande e, daí, toda a recolha que já tinha feito, provisoriamente, serviu como base para o desenvolvimento do projeto.

O contributo da informação para a realização do trabalho: compreender, analisar, olhar, apreciar e, acima de tudo, SENTIR, porque a finalidade e o objetivo do trabalho eram, essencialmente, os sentimentos dos Emigrantes, mas também o envolvimento do espaço com outros artistas plásticos e arquitetos, que se traduzisse numa harmoniosa combinação, sem choques de estilos diversos e nunca esquecendo a responsabilidade da proximidade ao Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas.

Sabendo de antemão que iríamos fazer uma praça em calçada tipicamente portuguesa, o material estava automaticamente escolhido e, como é óbvio, em calcário ou, eventualmente, basalto, muito mais difícil de manejar. Inúmeros esboços foram feitos até se conseguir o efeito do movimento que pretendia, de círculos que nos lembrassem mundos verdadeiros e hipotéticos, das ondas em movimento, a espuma saltitando e, até, a espiral do ADN, ADN açoriano.

O resultado foi traduzido numa área de 1.300 metros quadrados, começando no passeio junto à Praça do Emigrante, invadindo esse território com “mundos” intercalados de pedra preta e branca, com 18 diâmetros que variam dos 20 até 190 centímetros, salvaguardando o espaço da escultura principal da Praça, que é o Mundo, apresentado por Luís Silva. Nesta fase de trabalho, com uma amostra técnica muito mais elaborada, através de computorização e não só, contei com a colaboração do Arq. Fernando Monteiro e do estudante do 4.º Ano de Arquitetura Gonçalo Lopes.

Apesar de não ser este o desenho da minha primeira opção, sinto-me satisfeita e estou convicta de que consegui o meu objetivo: as emoções, o movimento das ondas que vão rolando sem parar, o dramatismo das cores brancas e pretas, criando um espaço onde as crianças irão gostar de brincar e os adultos vão pensar. Muito contribui para isso a boa vontade existente em todos os intervenientes deste projeto.

LILIANA LOPES

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